O HIV atinge mais de 38 milhões de pessoas em todo o mundo. Os tratamentos de controlo da infeção evoluíram ao longo do tempo, mas a vacina ainda está a alguns anos de distância.

Na Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa (FFUL), o trabalho feito neste campo já tem algumas décadas. Atualmente o grupo de investigação ‘HIV evolution, epidemiology, and prevention´ do i-med – Instituto de Investigação do medicamento da FFUL –, está envolvido no desenvolvimento de uma vacina contra o HIV baseada na tecnologia de self-amplifying RNA (saRNA), que é diferente das vacinas de RNA convencionais. Segundo o líder deste grupo de investigação, Nuno Taveira, esta tecnologia poderá ser mais eficaz porque “o RNA que codifica o gene Env do HIV é veiculado por um vetor viral e é amplificado dentro da célula. Em princípio a expressão do RNA e das proteínas correspondentes será mais duradoura do que a das vacinas RNA convencionais”. Para este, as principais dificuldades prendem-se com a identificação do “imunogénio mais adequado para gerar anticorpos neutralizantes de amplo espectro e que sejam duradouros”, e também pela falta de investimento na investigação do VIH-2, que também causa SIDA e morte. O grupo de investigação que o professor catedrático e investigador lidera, “tenta cruzar a investigação em HIV-1 e HIV-2 e obter imunogénios vacinais que possam suscitar o desenvolvimento de anticorpos neutralizantes contra os dois tipos de vírus. Neste sentido, produzimos um invólucro quimérico HIV-1/HIV-2 que, em ratinhos, gerou anticorpos neutralizantes contra os dois vírus. Este novo invólucro pode ser um avanço importante para o desenvolvimento de uma vacina verdadeiramente universal contra o HIV”.

Neste momento, estão ainda a ser desenvolvidos outros estudos e projetos, nomeadamente em Mocambique e na Tanzânia – onde se tenta perceber se o diagnóstico à nascença de crianças de mães infetadas por HIV-1 seguido de tratamento, reduz suficientemente o reservatório viral para que estas crianças possam, no futuro, viver sem medicação –, e em Cabo Verde – onde é feita a análise dos vírus resistentes à terapia antirretroviral (HIV-1 e HIV-2), identificando as principais resistências. Isto permite guiar os médicos na adaptação da medicação consoante as resistências detetadas. Este último projeto conta também com Jorge Barreto, atual Diretor Nacional de Saúde.

Neste dia assinala-se a importância do investimento na investigação e na tecnologia que permita desenvolver uma vacina eficaz na prevenção do HIV. Este trabalho poderá trazer não só uma esperança no tratamento desta infeção, como também na de outros vírus RNA.