A Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa (FFUL) esteve presente no Tropical Summit 2024, que ainda está a decorrer no Centro de Congressos de Lisboa.
No âmbito do eixo temático da Saúde Planetária, a FFUL organizou a sessão “Linking Pharmaceutical and Tropical Sciences: from disease characterization to new therapeutical opportunities”, que ocorreu no dia 5 de novembro. Esta sessão destacou o papel da investigação farmacêutica no avanço do conhecimento sobre doenças tropicais e no desenvolvimento de novas soluções terapêuticas.
Seis docentes / investigadores da FFUL apresentaram o trabalho que têm vindo a desenvolver.
Inês Bártolo, apresentou os resultados do estudo sobre a transmissão do HIV de mãe para filho, a ser desenvolvido em Moçambique. Até ao momento verificou-se que o diagnóstico e implementação da terapêutica precocemente aumenta o sucesso do tratamento e diminui a resistência à medicamentação.
João Perdigão, no seu trabalho sobre a tuberculose e resistência a medicamentos em países lusófonos, identificou que embora o esquema terapêutico aplicado em Portugal seja o correto, estirpes resistentes da bactéria podem ser importadas. Sublinhou assim a importância do acompanhamento correto dos pacientes de forma a aplicar o esquema terapêutico mais adequado e evitar resistências cruzadas – quando um medicamento usado para tratar a tuberculose em conjunto com outro causa resistência à mesma.
Ainda sobre o tema da tuberculose, Francisca Lopes participou num estudo que procura sintetizar compostos que sejam eficazes nas formas ativas e latentes da doença, de forma a diminuir o tempo de tratamento. Este é um fator que influencia a resistência à medicação, pois devido à sua duração do tratamento (entre 6 a 9 meses), os doentes nem sempre aderem à terapêutica.
Foi também apresentado um estudo, por Maria José Umbelino Ferreira, que indicou resultados muito promissores de um derivado de um alcaloide, extraído de uma planta medicinal africana, para o tratamento do cancro da mama triplo negativo e do cancro do ovário. O composto apresenta um grande potencial de tratamento de cancros extremamente resistentes, quer isoladamente quer em combinação com fármacos anticancerígenos existentes na clínica.
Ana Cristina Ribeiro apresentou um trabalho recente que estuda a casca de pequi, um fruto de uma planta do Brasil, que tem uma atividade antitumoral. Esta poderá servir para matar as células tumorais, ou para as detetar através do diagnóstico.
Já Olga Silva, da área da farmacognosia, apresentou um trabalho sobre o uso de plantas medicinais usadas na medicina tradicional das regiões tropicais. Verificou-se que estas plantas podem ser adotadas para a medicina convencional, respeitando os níveis de qualidade exigidos para a produção de medicamentos para tratar doenças inflamatórias e a diabetes.
A presença da FFUL neste Tropical Summit foi organizada por Vasco Branco, que refere que a presença na faculdade neste evento é importante para “dar a conhecer o trabalho que se faz nestas áreas e que encaixa na amplitude daquilo que são as ciências farmacêuticas”, enquanto colabora na procura de respostas para os desafios de saúde global.
As entrevistas estão disponíveis no nosso canal de YouTube.