A Assembleia Municipal de Lisboa aprovou, por maioria, a Recomendação do Partido Ecologista “Os Verdes” para reconhecer a professora e investigadora farmacêutica, Odette Santos-Ferreira, destacando o seu contributo para a investigação científica e para o Serviço Nacional de Saúde, através de uma homenagem toponímica.
No âmbito do centenário do seu nascimento, foi proposta à Assembleia Municipal de Lisboa uma homenagem toponímica, sugerindo a atribuição do seu nome a um espaço público na cidade, como uma rua, praça, avenida, jardim ou outra sinalização toponímica de relevância. A decisão foi tomada na reunião da Assembleia Municipal de Lisboa de 16 de janeiro, contando com votos favoráveis da maioria dos partidos.
A história do vírus da sida não pode ser contada sem o nome de Odette Santos-Ferreira. Farmacêutica, professora universitária e investigadora, integrou a equipa luso-francesa que, nos anos 80, identificou o VIH-2, uma descoberta fundamental no combate à doença. Deixou um legado pioneiro, desenvolvendo projetos inovadores que transformaram a prevenção e o controlo da disseminação da doença, salvando inúmeras vidas.
Odette Santos-Ferreira desempenhou, em simultâneo, várias atividades profissionais. Na academia foi Presidente do Conselho Diretivo da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa (FFUL), coordenadora e regente de cursos de graduação e pós-graduação na área da Microbiologia. Na investigação desenvolveu estudos epidemiológicos nos campos do VIH e das infeções bacterianas hospitalares, que estiveram na base da sua dissertação de doutoramento realizado na Universidade Chateney Malabry, em França.
“Diz Não a Uma Seringa em Segunda Mão”, em colaboração com a Associação Nacional das Farmácias, foi o programa de Odette Santos-Ferreira, enquanto Presidente da Comissão Nacional de Luta Contra a Sida (1992-2000), com maior impacto nacional e internacional, tendo sido considerado pela Comissão Europeia, em 2018, como o melhor Programa apresentado por um país comunitário. Este projeto visava diminuir o risco de transmissão por via endovenosa do VIH e de outras infecções (hepatites B e C) na população toxicodependente.
Em 2012 recebeu a Medalha de Ouro da Ordem dos Farmacêuticos e o Governo francês condecorou-a como “Chevalier dans l’Ordre des Palmes Academiques” e “Chevalier de la Légion d’Honneur”.
Foi reconhecida em vida pelo seu trabalho, em 2017, quando, já jubilada, a FFUL deu o seu nome ao seu auditório principal. Na altura, Odette Santos-Ferreira admitiu que, “de todos os prémios e distinções” que já tinha recebido, “este é o que mais me toca o coração, por ser o da minha faculdade”. Em Portugal, já tinha recebido o grau de comendadora da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada e, em Janeiro de 2018, o Presidente da República, numa cerimónia reservada, condecorou-a com a grã-cruz da Ordem da Instrução Pública.