A Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa (FFULisboa) participou no estudo “Wastewater analysis and drugs – A European multi-city study” do Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência (OEDT) que analisou amostras de águas residuais em 56 cidades europeias de 19 países para avaliar os consumos de droga dos seus habitantes. Em Portugal, a investigação foi assegurada pela FFULisboa e pelo Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses, tendo sido analisadas as águas residuais de Lisboa e Almada, sendo que as amostras do Porto foram analisadas por um laboratório italiano. De acordo com os dados desta investigação, divulgados a 7 de março de 2018, foram monitorizadas quatro substâncias psicoativas nas águas residuais analisadas: ecstasy, cocaína, anfetamina e metanfetamina.

Lisboa foi a 11.ª cidade europeia que apresentou maior quantidade de ecstasy nas águas residuais em 2017, quando cada grupo de mil pessoas usou 38,3 miligramas (mg) por dia. Em termos comparativos a presença desta substância nas águas residuais aumentou 42,4% entre 2016 e 2017. De acordo com declarações do Professor Álvaro Lopes da FFULisboa, que colaborou na realização do estudo, ao jornal Expresso «há “três cenários hipotéticos” que podem explicar este aumento. Primeiro, pode haver “mais pessoas” a consumir esta droga. Segundo, pode significar que o grau de pureza da substância é “superior” e por isso aparece em maior quantidade. E em terceiro, esta droga pode estar a ser consumida em “maior quantidade” pelos mesmos utilizadores do ano passado.» Salienta-se que as amostras em Lisboa foram recolhidas na estação de tratamento de águas residuais (ETAR) de Alcântara que abrange o Bairro Alto, uma das zonas de diversão noturna de “eleição” da capital portuguesa. Os resultados obtidos em Almada também revelaram aumento na presença de ecstasy – cerca de 6,5 mg entre 2016 e 2017, atingindo os 9,3 mg/ mil pessoas/ dia – mas no Porto os valores não evidenciaram alterações entre estes dois momentos, situando-se nos 10,8 mg por dia por cada grupo de mil pessoas.

A nível europeu Lisboa foi a 27.ª cidade europeia onde se registou maior quantidade de cocaína nas suas águas residuais em 2017. Mas o aumento registou-se também a nível nacional nas outras duas cidades portuguesas em questão. Lisboa registou a maior quantidade de cocaína em 2017 (271,6 mg/ mil habitantes/ dia) e um menor aumento entre 2016 e 2017 (5,3%). Almada, registou um maior aumento (21%) neste período, mas a quantidade detetada nas suas águas residuais é o mais baixo das três (82,4 mg). No Porto cada grupo de mil pessoas usou mais 69,4 mg de cocaína por dia em 2017 do que no ano anterior, tendo o consumo de cocaína atingido em 2017 cerca de 160,2 mg por mil habitantes por dia.

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